Pensamento do Dia...

"É legítimo querer que nos amem por quem somos … mas é nossa a responsabilidade de sermos quem somos…fielmente."

domingo, 15 de março de 2009

A função da estrela

O post de hoje é um pouco grande, mas acreditem que vale a pena... "As estrelinhas do céu resolveram, certa vez, deixar as alturas que vivem. Deixariam o céu e viriam todas para a Terra.
- Vamos para a Terra! Vamos para a Terra! - Gritavam, com alegria, as estrelinhas do céu.
- Na Terra há mares, há rios e há florestas! Na Terra há frutos, há flores e há perfumes. Vamos todas para a Terra!
As estrelinhas falaram ao Anjo da Serena Compaixão.Esse Anjo da Serena Compaixão é que vigia e comanda, por ordem de Deus, todos os astros luminosos do céu.O Anjo da Serena Compaixão sabia que as estrelas, que parecem, lá longe no céu, tão pequeninas, são grandes, imensas. E foi, por isso, falar a Deus, o Senhor da Eterna Bondade.- Deus Poderoso – disse, muito humilde, o anjo:
– as estrelinhas do céu querem ir a Terra. Mas elas são pesadas, enormes e cheias de calor. A Terra não poderia conter as constelações que povoam o céu.
Deus, o Senhor do Mundo, sorriu bondoso e respondeu:- Ora, tudo é muito simples. Eu permitirei que as estrelinhas desçam do céu e passem a viver na Terra.
Sim, irão para a Terra. Mas elas descerão do céu e permanecerão, assim, pequeninas, como aparecem lá das alturas; pequeninas e bem pequeninas. E sempre pequeninas e brilhantes permanecerão na Terra.
E todas as estrelas, por ordem de Deus, desceram do céu e vieram para a Terra. Houve, nesse dia, ao cair da noite, uma chuva maravilhosa de estrelas. Uma chuva de estrelas! No céu ficaram o Sol, a Lua e um cometa rabugento, de cauda comprida, que não quis descer. Mas as estrelinhas desceram.D esceram e encheram a Terra. Espalharam-se por toda parte. Pelos campos, pelas praias, pelas estradas e pelos jardins.
Havia estrelinhas brancas, azuis, verdes, roxas e amarelas. Havia até (vejam só!) uma estrela furta-cores! Que beleza! Algumas ficaram bem quietinhas, a cintilar, no alto das torres; vieram outras pousar nas fontes, nos repuxos, ou saltitar entre as flores e iluminar os bosques.As mais pequeninas, brincalhonas, apostavam corrida com o vaga-lume: outras iam devagarinho assustar os sapos que dormiam tranquilos entre as pedras junto das lagoas. Que alegria para as crianças! Que alegria!
Mas no fim de poucos dias as estrelinhas começaram a fugir da Terra, aos grupos, aos bandos. Deixavam a Terra e voltavam para o céu. Voltavam a brilhar lá em cima, para além das nuvens, para além da Lua.
O Anjo da Serena Compaixão ao ver que as estrelinhas voltavam, interrogou-as:
- Por que vocês voltaram?
A primeira estrela respondeu:- Senhor! Vi tanta maldade na Terra que fiquei triste. Muito triste. E resolvi voltar para o céu.- E você? - Perguntou, ainda o Anjo, a uma terceira estrela. - E você? Por que voltou? – Senhor – respondeu a estrelinha – na Terra, durante os três dias que lá passei, vi homens ricos sem piedade; vi enfermos abandonados; velhos sem lar, que vivem famintos, na miséria. Vi crianças andrajosas que mendigam pão pelas ruas. Tudo isso encheu de mágoa o meu coração. Resolvi voltar. Voltar para o céu. Uma estrelinha amarela, do Cruzeiro, seguida de outras três (que eram suas irmãs) voltava também.
O anjo da serena compaixão perguntou-lhe:- Que viu você na Terra, estrelinha amarela? Por que voltou? Respondeu, cheia de funda mágoa, a estrelinha amarela do Cruzeiro:- Senhor, vi na Terra homens sem fé que não crêem em Deus! Sofri, com isso, um profundo abalo. Que tristeza! Homens ateus, sem fé, que não acreditam em Deus! Deixei a Terra e resolvi voltar para o céu.
E assim todas as estrelinhas, por terem visto maldades na Terra, voltaram para o céu. E cada uma, ao chegar, ia muito quietinha, retomar o seu antigo lugar no meio das constelações. O anjo da serena compaixão achou que devia contá-las. E contou-as, uma a uma! – Um, dois, três, quatro, cinco...E nessa conta, uma a uma, foi até vinte mil e seis:- Vinte mil e seis!Estranhou o Anjo aquela conta. Estranhou e disse:- O que é isso? Essa conta não está certa. Desceram vinte mil e sete estrelinhas, e só voltaram vinte mil e seis! Está faltando uma! Falta uma estrelinha! – Sim, sim – confirmou uma estrelinha azul que estava perto. - Falta uma estrelinha. Houve uma companheira que não quis voltar. Resolveu ficar, para sempre, entre os homens.Indagou o Anjo:
-Que estrela foi essa? Qual foi a estrela que não voltou?A estrela azul, falando muito baixinho, respondeu:- Escuta, anjo da serena compaixão. Escuta!
Foi a Estrela Verde da Esperança, nossa boa amiga e companheira. Foi essa, a estrela verde da esperança, a única que não voltou...Ficou...A estrela verde da esperança!
É por isso, que os homens, todos os homens, nos momentos mais tristes da vida, nos momentos de perigo, de dor ou de aflição, nunca perdem a esperança...É que a estrelinha da esperança, nossa boa amiga, deixou o céu e veio viver na Terra e vive, para sempre, no coração dos homens."
Felix Zamenhof

1 comentário:

Anónimo disse...

Amiga, há dias tão complicados que o ego "toma conta" da estrelinha da esperança...