Contam que certa vez, duas moscas caíram num copo de leite. A primeira era forte e valente.
Assim, logo ao cair, nadou até a borda do copo. Mas como a superfície era muito lisa e ela tinha as suas asas molhadas, não conseguiu sair. Acreditando que não havia saída, a mosca desanimou, parou de nadar e afundou-se.
A sua companheira de infortúnio, apesar de não ser tão forte, era tenaz. Continuou a debater-se, a debater-se e a debater-se por tanto tempo, que, aos poucos o leite ao seu redor, com toda aquela agitação, foi se transformando e formou um pequeno nódulo de manteiga, onde a mosca tenaz conseguiu, com muito esforço, subir e dali voar para algum lugar seguro.
Durante anos, ouvi esta primeira parte da história como elogio à persistência, que, sem dúvida, é uma hábito que nos leva ao sucesso, no entanto...
Tempos depois, a mosca tenaz, por descuido ou acidente, novamente caiu num copo, desta vez, um copo de água. Como já havia aprendido na sua experiência anterior, começou a debater-se, na esperança de que, no devido tempo, se salvaria. Uma outra mosca, que passava por ali e vendo a aflição da companheira de espécie, pousou na ponta do copo e gritou: "Está uma palhinha ali, nade até lá e suba por ela" A mosca tenaz não lhe deu ouvidos, baseando-se na sua experiência anterior de sucesso, continuou a debater-se e a debater-se, até que, exausta, afundou-se no copo cheio de água.
Quantos de nós, baseados em experiências anteriores, deixamos de notar as mudanças no ambiente e ficamos em esforço para alcançar os resultados esperados, até que nos afundamos na nossa própria falta de visão?
Fazemos isso quando não conseguimos ouvir aquilo que diz quem está de fora da situação ou até mesmo o nosso próprio instinto.
(in Eduardo Reis Torgal)
1 comentário:
Quase sempre existe uma palhinha à nossa volta... ou mesmo dentro de nós... Procurem-na
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