Nesta fase tudo parece simples, mas tudo fica emocionalmente mais intenso. Tantas vezes me pergunto o que realmente significa, isso de sentir com intensidade, visto ser uma característica minha. Pergunto para perceber se isto que sinto agora é a resposta.
Mas descubro que este sentir com intensidade se mistura com a sensibilidade, que nunca quis assumir, e que ainda agora tenho dificuldade. E percebo tão bem os porquês.
Porque tudo passa a parecer grande, e nós pequenos. Porque cada gesto, cada ausência sente-se com todos os sentidos, mais atentos do que nunca. E porque existem tantas pessoas que deixaram de saber o que isto é, que ajudam a que achemos que "sentir" seja coisa, vinda de pessoas ingénuas, de pessoas que vivem na ilusão que tudo o que vemos ao nosso redor pode ser diferente, que sentir as coisas deste modo é algo que não vale a pena, pois a tristeza que advém é muita.
Digo-vos, é verdade...é muita. Hoje é um dia assim. Em que a tristeza mudou-se para o peito, não o sofrimento, mas uma tristeza profunda, de quem sente o outro tanto, de quem sente o outro como algo cá dentro, e não apenas fora. De quem sente uma impotência enorme, porque os que nos rodeiam têm o seu próprio tempo, o tempo de fazerem melhores escolhas, o tempo de a vida os levar a aprender as lições que precisam, tal qual nós temos o nosso.
Ainda no outro dia conversava com uma amiga, e dizia-lhe que nesta nova fase sinto uma coisa diferente, estranha, a de que só faz sentido conhecer o outro na sua máxima profundidade, ao ponto de o sentir tanto, que fará indiscutivelmente parte de nós para sempre, aliás acho que sempre senti isto, iludi-me que não foi durante um bom tempo.
E escrevo estas palavras e parecem-me um absurdo, e não sei, se não será.
Mas sei, que a ânsia de trazer estes bocadinhos de SER para dentro de mim é muita, sei que não há nada melhor do que a capacidade de "sentir", sentir mesmo quem temos á nossa frente, no momento em que ambos decidiram partilhar a energia, a fragilidade, um com o outro...E quem sente isto mesmo que por uns segundos, descobre um mundo novo, um mundo em que os outros não são os maus, que nos querem mal e que são exteriores a nós, é um mundo em que queremos todos mais perto do coração, mais no nosso interior do que nunca.
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