Este texto talvez seja diferente dos que costumo publicar, não é metafório é real....mas acho que numa escrita corrente traduz muito bem a saudade...
Esse sentimento...exactamente feito para sentir, passo a redundância...
Ele realmente doi, mas alimenta...
Doi quando relembramos o amor, porque sentimos a sua falta, mas alimenta porque quando o relembramos sentimos uma imensa gratidão por já ter sentido esse Amor!
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"Em alguma outra vida, devemos ter feito algo de muito grave para sentirmos tanta saudade.
Trancar o dedo numa porta dói. Bater com o queixo no chão dói. Torcer o tornozelo dói. Um tapa, um soco, um pontapé, doem. Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim. Mas o que mais dói é a saudade.
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Saudade de um irmão que mora longe. Saudade de uma cachoeira da infância. Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais. Saudade do pai que morreu, do amigo imaginário que nunca existiu. Saudade de uma cidade.
Saudade da gente mesmo, que o tempo não perdoa. Doem essas saudades todas.
Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama. Saudade da pele, do cheiro, dos beijos. Saudade da presença, e até da ausência consentida.
Você podia ficar na sala e ela no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá. Você podia ir para o dentista e ela para a faculdade, mas sabiam-se onde.Você podia ficar o dia sem vê-la, ela o dia sem vê-lo, mas sabiam-se amanhã.
Contudo, quando o amor de um acaba, ou torna-se menor, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.
Saudade é basicamente não saber.
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Não saber mais se ela continua fungando num ambiente mais frio. Não saber se ele continua sem fazer a barba por causa daquela alergia. Não saber se ela ainda usa aquela saia. Não saber se ele foi na consulta com o dermatologista como prometeu. Não saber se ela tem comido bem por causa daquela mania de estar sempre ocupada, se ele tem assistido as aulas de inglês, se aprendeu a entrar na Internet encontrara página do Diário Oficial, se ela aprendeu a estacionar entre dois carros, se ele continua preferindo Malzebier, se ela continua preferindo suco, se ele continua sorrindo com aqueles olhinhos apertados, se ela continua dançando daquele jeitinho enlouquecedor, se ele continua cantando tão bem, se ela continua detestando o McDonald's, se ele continua amando, se ela continua a chorar até nas comédias.Saudade é não saber mesmo!
Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche. Saudade é não querer saber se ela está com outro, e ao mesmo tempo querer. É não saber se ele está feliz, e ao mesmo tempo perguntar a todos os amigos por isso...É não querer saber se ele está mais magro, se ela está mais bela.
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Saudade é nunca mais saber de quem se ama, e ainda assim doer. Saudade é isso que senti enquanto estive escrevendo, o que você, provavelmente, está sentindo agora depois que acabou de ler..."
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Miguel Falabella
10 comentários:
Amiga borboleta,
Por amor, estou muito de longe de casa, das minhas raízes , da minha família, das caras de sempre (assim como já estive em tempo longe desse amor). COnclusão de tudo isto: Sinto bem o que é a saudade. Dói é verdade, mas também alimenta essa vontade, esse querer, esse amor. Talvez nos ajude a valorizar mais tudo aquilo do qual sentimos essa saudade.
Mas a saudade daqueles que se perdeu definitivamente, essa é a mais difícil de entender e de ultrapassar.
ps - este comentário saiu um belo desabafo ;)
Beijocas e obrigada por este texto
ah, e desconfio que também vou ter saudades tuas se te ausentares destas paragens
:P
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Essa saudade dói. Mas só dói porque está repleta de apego...
Joana,
Sim...posso concordar ctgo...ás vezes é mesmo o trabalho de aceitar que já n se tem!
beijinhos
Marise,
Obrigado pelo desabafo...é tão bom partilhar...é bom que o texto que vou escolhem suscite uma emoção em quem lê!
Por agora não me vou ausentar...estou para ficar...mas se a vida assim o decidir arranjarei tempo para continuar a partilha com aqueles que ficaram mais proximos....e é o teu caso...muito caminho têm estas duas borboletas...portanto a que continuar o apoio!
beijinhos!
A saudade é, de facto, um sentimento difícil...talvez como diz a Joana, um apego... e por isso dói...já construiu raízes difíceis de arrancar...
Mas será que queremos mesmo arrancar??
A saudade acabou por se tornar um sofrimento consentido...daqueles que não queremos, mas que tb n evitamos! ;)
E sim, tb já criei raízes aqui no teu cantinho...por isso...
Beijo de LUZ!
;)
Aloha Essencialma!!!
Linda a forma de traduzir sua saudade....Deixo para vc esse texto de Miguel Falabella...Adoro
“Em alguma outra vida, devemos ter feito algo de muito grave para sentirmos tanta saudade."
Trancar o dedo numa porta dói. Bater com o queixo no chão dói. Torcer o tornozelo dói. Um tapa, um soco, um pontapé, doem. Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim. Mas o que mais dói é a saudade. Saudade de um irmão que mora longe. Saudade de uma cachoeira da infância. Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais. Saudade do pai que morreu, do amigo imaginário que nunca existiu. Saudade de uma cidade.
Saudade da gente mesmo, que o tempo não perdoa. Doem essas saudades todas. Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama. Saudade da pele, do cheiro, dos beijos. Saudade da presença, e até da ausência consentida.
Saudade é não saber mesmo! Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche. Saudade é não querer saber se ela está com outro, e ao mesmo tempo querer. É não saber se ele está feliz, e ao mesmo tempo perguntar a todos os amigos por isso... É não querer saber se ele está mais magro, se ela está mais bela. Saudade é nunca mais saber de quem se ama, e ainda assim doer. Saudade é isso que senti enquanto estive escrevendo o que você, provavelmente, está sentindo agora depois que acabou de ler...
Miguel Falabella.
Aloha!!
Hod.
Carlinha,
acho que ás vezes não queremos arrancar essas raizes porque confundimos o amor com o apego...e á medida que as vamos arrancamos questionamos se gostamos mesmo! Porque achamos que amor está invariavelmente ligado ao apego, e por vezes torna-se dificil adaptar a essa mudança!
Beijnhos
Hod,
Não sei se não percebi o comentário, ou se era apenas um realce do texto que tinha publicado...este texto é mesmo bonito!
Beijinhos
Aloha querida amiga Essencialma!!
É apenas um realce do texto que você tinha publicado...
Desejo para vc uma excelente semana!!!
Beijos, querida e amável amiga!!
Aloha!!
Hod.
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