A Sensibilidade
Por Alexandra Solnado
O problema de uma pessoa extremamente sensível é que qualquer coisa a afecta. Uma pessoa com esta sensibilidade acaba por bloquear e endurecer. Quem é rijo não é quem é forte, não. É o oposto. Quem é rijo é quem teve que se endurecer, de tão sensível que é.
As pessoas endurecidas, revoltadas, raivosas, que às vezes consideramos serem um monstro, são no fundo pessoas hiper-sensíveis, é exactamente o contrário. Só que elas próprias não aceitam a sua sensibilidade, já estão tão bloqueadas há tanto tempo, já deixaram de aceder à sua própria sensibilidade há tanto tempo, que elas próprias acham que não são nada sensíveis. Elas vivem completamente fora da sua energia original, no seu pólo oposto.
O problema é que hoje em dia cortam-nos a possibilidade de sermos sensíveis. Desde que nascemos, que nos dizem “tens que ser forte”, “não podes deixar-te ir abaixo”…como se a pessoa não pudesse ser sensível e ir-se abaixo. E se ela for sensível e se for abaixo? Qual o problema? E se ela sentir as suas dores, as suas emoções? Qual o problema? Só quer dizer que ela está viva. O contrário é que é perigoso. Bloquear a sensibilidade é matar as emoções. É matar a vida dentro de si.
Moral da história. Todos deveríamos fazer um trabalho sério de aceitar a nossa sensibilidade. Seja ela qual for. Mesmo que seja absurda. Todos deveríamos parar de vestir “escafandros” de protecção para não nos magoarmos, parar de nos endurecermos, parar de fugir de nos fragilizarmos.
Só há vantagens em nos deixarmos sensibilizar. Porque quando nos deixamos sensibilizar, fragilizar, não só vamos voltar à nossa essência original, sensível, como através das mágoas que vamos sentindo vamos “partindo” essa dor, e deixando sair a densidade que vamos acumulando.
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