Cada vez mais sou surpreendida com a intensidade de sentimentos. A capacidade de sentir tamanha tristeza...a mais profunda que parece ser possivel de sentir...
Diz-se que quando nos sentimos tristes, realmente, esta pode vir de vidas, e vidas atrás...e a sensação que tenho, é que toda a tristeza do mundo, se mudou para o meu peito...
Mas apesar do desconforto...senti que esta tristeza, de certo modo representa a recuperação, a aceitação da sensibilidade...foi como se visse a minha "menina", de quando era criança a ser recuperada...como se a tristeza representasse o acreditar, o sentir...o ultrapassar da resistência, do mostrar algo que não são é, não se sente, só para não nos sentirmos magoados, desiludidos...para sermos fortes!
Mas como ser criança num mundo de adultos?! Como chorar frente a pessoas que não percebem...como pedir e sentir o colinho quando as pessoas se desabituaram a sentir?
Acho que sempre senti que o colo era para as crianças, e mesmo quando criança, sentia isso, era crescida e por mais que o quisesse fugia...então nem quando o tinha direito, soube usufruir...por medo, por dificuldade a sentir toda a sensibilidade que latejava no peito...
E agora doi, doi muito...doi sentir...doi olhar para trás e ver tudo o que a minha "menina" passou, sentiu...
Doi ultrapassar tudo isto, quando nos sentimos crianças a precisar do colo de quem nos entende, de quem não faz perguntas e fica ali connosco a sentir...entendendo que a tristeza é muitas vezes inexplicavel, sendo possivel apenas de ser vivenciada...
Doi continuar a ser aquela criança, e não saber pedir...aproveitar!
Doi ter medo do julgamento dos outros, com medo de sermos fracos, infantis...
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Mas no meio de tudo isto somos altamente recompensados pelo céu...primeiro porque ele nos permitiu voltar a entrar em contacto connosco próprios..com as nossas emoções, com a nossa essência, que tantas vezes contrariamos, desconhecemos...e isso só por si é uma benção!
Mas também, no processo de fragilização, de ficar sensível...é nos enviado tanto amor, e é como se quem rodeia sentisse, a sensibilidade...como se as pessoas mais atentas, ou talvez as que com quem temos maior ligação, mesmo energética, sentissem e vêm com o seu amor, não curar, mas acompanhar-nos na caminhada!
E por isso tenho grande a gratidão, a essas pessoas, ao céu por mostrar que é esse o caminho apesar de toda a tristeza...pois quem conhesse o amor, nem nos momentos de grande tristeza, o deixa de sentir!
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“Sad are only those who understand” - Provérbio Arábe