Hoje apetecia-me muito a vossa companhia...sincerante não me apetecia escrever mas sim ler-vos...
A fase é de procura, é busca, e como ajuda o apoio, a amizade que sinto aqui...
É um sentimento meio perdido, um vazio, de quem procura, mas não sabe o que procurar!
É o forte remoinho no peito de quem perdeu o conforto, a estabilidade, a segurança do conhecido, para iniciar uma longa viagem pelo vazio, pelo desconhecido, mas que é ao mesmo tempo doce, fascinante...com o grande senão de que não há rede de protecção...
E é isso mesmo que sinto, sem rede...a eliminar cada vez mais estururas que conheço, para dar lugar a um vazio...que ainda não descobri como preencher!
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É muito dificil? É! mas também é extremamente libertador...
Só que como um passaro que sempre viveu na gaiola, quando se é libertado não sabemos o que fazer nessa liberdade...e a partir dai é uma nova vida...uma nova aprendizagem, um reapreender de tudo...
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E hoje era mesmo isto que queria partilhar convosco!
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"Dentro de uma linda gaiola vivia um passarinho.Sua vida era segura e tranqüila. Tranqüilidade e segurança: Coisas que todos desejam. Barco ancorado não naufraga. Avião em hangar não cai. Para viver em segurança as pessoas constroem gaiolas e passam a viver dentro delas. Dentro das gaiolas não há perigos. Só há monotonia. Todo dia a mesma coisa. Tudo o que acontece todo dia do mesmo jeito é chato. Esse é o preço da segurança: A Chatice.
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Do seu pequeno espaço ele olhava os outros passarinhos. Os bem-te-vis, atrás dos bichinhos; os sanhaços, entrando mamões adentro; os beija-flores, com seu mágico bater de asas; os urubus, em seus vôos tranqüilos na fundura do céu; as rolinhas, arrulhando, fazendo amor; as pombas, voando como flechas.
Ele queria ser como os outros pássaros, livres...
Ah! Se aquela maldita porta se abrisse... Isso era tudo o que ele desejava.
Pois não é que, para surpresa sua, um dia o seu dono esqueceu a porta da gaiola aberta? Ele poderia agora realizar todos os seus sonhos. Estava livre, livre, livre!
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Saiu. Voou para o galho mais próximo.Olhou para baixo. Puxa! Como era alto! Sentiu um pouco de tontura. Estava acostumado com o chão da gaiola, bem pertinho. Teve medo de cair. Agachou se no galho, para ter mais firmeza. Viu uma outra árvore mais distante. Teve vontade de ir até lá. Perguntou-se se suas asas aguentariam. Elas não estavam acostumadas. O melhor seria não abusar, logo no primeiro dia. Agarrou-se mais firmemente ainda.
Nesse momento um insetinho passou voando bem na frente do seu bico. Chegara a hora. Esticou o pescoço o mais que pôde, mas o insetinho não era bobo. Sumiu mostrando a língua.
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Ei, você!" - era uma passarinha. "Vamos voar juntos até o quintal do vizinho? Há uma linda pimenteira, carregadinha de pimentas vermelhas. Deliciosas. Só é preciso prestar atenção no gato que anda por lá..." Só o nome "gato" já lhe deu um arrepio. Disse para a passarinha que não gostava de pimentas. A passarinha procurou outro companheiro. Ele preferiu ficar com fome. Chegou o fim da tarde e, com ele, a tristeza do crepúsculo. A noite se aproximava. Onde iria dormir?
Lembrou-se do prego amigo, na parede da cozinha, onde a sua gaiola ficava dependurada. Teve saudades dele. Teria de dormir num galho de árvore, sem proteção. Gatos sobem em árvores? Eles enxergam no escuro? E era preciso não esquecer os gambás. E tinha de pensar nos meninos com os seus estilingues, no dia seguinte. Tremeu de medo. Nunca imaginara que a liberdade fosse tão complicada. Somente podem gozar a liberdade aqueles que têm coragem. Ele não tinha.Teve saudades da gaiola.
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Voltou. Felizmente a porta ainda estava aberta. Entrou. Pulou para o poleiro. Adormeceu agradecido a Deus pela felicidade da gaiola. É muito mais simples não ser livre."
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Partes retiradas do blog recanto dos pássaros
4 comentários:
Como te percebo amiga. Também estou nessa fase de desconforto, de fragilização, de aprender o novo e largar os velhos hábitos.
Não estás sozinha ;)
Beijinhos
Querida Essencialma,
Tens toda a razão. E que belo texto. Espero que te possa fazer companhia, assim como me fazes a mim.
Como disse a Joana, não estás sozinha...em nada!
Beijocas doces
Joana,
Eu sei amiga...mais pessoas passam pelo mesmo, mas o mergulho interno é bem dificil.
Beijinhos
Marise,
Que boa a tua companhia borboletinha, fazes-me sempre falta aqui na ERA.
Beijinhos
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